Na programação de palestras para o 16º Seminário de Tendências - inverno 2021, a equipe multidisciplinar de pesquisadores da Tendere preparou uma seleção de temas, nas áreas de tecnologia, economia/financeiro e artes, pertinentes para entender o futuro. Estes assuntos são alguns dos que estão pautando a sensibilização do consumidor, e precisam ser abordados e discutidos com urgência afim de entendermos o futuro próximo, 2021, em níveis de consumo, comportamento, cenário social, econômico e político, entre outras áreas. Entrevistamos os pesquisadores que mostrarão estes temas no evento, em posts que sairão toda semana com foco na preparação para o Seminário de Tendências.
Victor Barboza é fundador da GFC, focada em gestão financeira para empresas de economia criativa, além de consultor financeiro na Tendere e pesquisador da área. Na palestra, ele vai falar sobre Psicologia Econômica e o que significa essa nova visão da economia.
Mas o que seria, então, psicologia econômica?
Mas por que falar em “psicologia econômica”? Segundo o pesquisador, trata-se de uma ideia recente, criada depois de se entender de maneira diferente a relação das pessoas com o... dinheiro. A popularização do conceito data do final dos anos 1970. “O ser humano era, antes disso, definido como extremamente racional quando o assunto é dinheiro. Foi até criada a expressão ‘homo economicus’ para representar essa figura. Porém, se o ser humano era considerado tão racional na hora de lidar com suas finanças”, pontua Barboza, “o que justifica então o número tão grande de endividados, a dificuldade de se planejar, pessoas caindo em golpes e pirâmides financeiras?”. Certamente nossa relação com o dinheiro é extremamente complexa e merece estudos cada vez mais aprofundados, inclusive, da Psicologia.
Se o ser humano é considerado tão racional na hora de lidar com suas finanças, o que justifica então o número tão grande de endividados, a dificuldade de se planejar, pessoas caindo em golpes e pirâmides financeiras?
A relação entre as pessoas e a economia começou a ser entendida por autores pioneiros, como Richard Thaler, ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 2017. “Ele tem uma expressão”, diz Barboza, “que define muito bem como é a relação do ser humano com o dinheiro: ‘Somos mais parecidos com Homer Simpson do que com Albert Einstein’. Ou seja, nas nossas decisões relacionadas ao dinheiro, acabamos indo mais pelo embalo e pelo emocional, do que parar para pensar e raciocinar”.
Victor Barboza aponta ainda outro autor importante para a Psicologia Econômica. “Daniel Kahneman, também Nobel de Economia, trouxe o conceito das duas formas que temos de pensar: um Sistema 1, movido pela emoção e intuição, e um Sistema 2, racional”, lista o pesquisador. “Este último gasta mais energia, por isso não está funcionando o tempo todo. O Sistema 1, por outro lado, é aquele faz tudo de forma automática, sem gastar muita energia, e é ele que, justamente, pode nos induzir aos erros”.
Segundo Barboza, Kahneman também trabalha as noções de heurísticas e vieses. “Os primeiros são atalhos mentais que facilitam a tomada de decisão. Os últimos, os vieses, são uma tendência sistemática destes atalhos de violarem alguma forma de racionalidade, podendo resultar em erros na tomada de decisão”. Atentar-se para quais decisões financeiras são feitas como “atalho” e quais são feitas de maneira verdadeiramente racional parece ser fundamental para a saúde financeira de uma pessoa ou, até mesmo, de uma empresa.
Falando em empresas, qual seria a importância prática da Psicologia Econômica no contexto empresarial e, especificamente, nas empresas de economia criativa? “Do ponto de vista das finanças pessoais”, afirma Barboza, “conhecer como o cérebro funciona frente ao dinheiro ajuda a evitar tomadas de decisão que podem acabar prejudicando o bolso”. O pesquisador e consultor ainda aponta o outro lado, o do consumidor. “Com os estudos da Psicologia Econômica fica mais fácil de entender o comportamento dos consumidores. Com isso, as empresas de economia criativa podem buscar formas mais efetivas de gerar negócios”.
Com os estudos da Psicologia Econômica fica mais fácil de entender o comportamento dos consumidores. Com isso, as empresas de economia criativa podem buscar formas mais efetivas de gerar negócios.
E, por fim, seria difícil falar em pensar uma nova visão da economia sem citar as empresas que têm revolucionado o mundo financeiro: as fintechs. “Algumas fintechs, aproveitando essa nova visão do comportamento dos indivíduos frente a tomada de decisões financeiras, criaram novas formas de oferecer soluções financeiras”. afirma Barboza. “Um dos exemplos mais interessantes são os robôs investidores, que, a partir do perfil do investidor e de seus objetivos, estruturam uma carteira de investimentos, economizando o trabalho do indivíduo de ficar escolhendo investimento por investimento”.
Mas tem mais, segundo o pesquisador, “outras fintechs surgiram ainda como forma de ajudar as pessoas na escolha das várias opções de produtos e serviços financeiros. Existem plataformas que levantam as opções e filtram empréstimos, investimentos, seguros, cartões de crédito, contas bancárias e máquinas de cartão, por exemplo”. Com a Psicologia Econômica, o entendimento da relação das pessoas com o dinheiro nunca mais será o mesmo. E, efetivamente aplicada, podemos nos preparar para uma outra relação do ser humano com a economia, transformada positivamente, com indivíduos e empresas mais estratégicos e conscientes.
Psicologia econômica: uma nova visão da economia, é o tema da palestra de Victor Barboza no 16 º Seminário de Tendências da Tendere - inverno 2021. Você pode adquirir seu ingresso ainda nos lotes promocionais no link: https://www.tendere.com.br/blog/seminario-de-tendencias-inverno-2021
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