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Cosméticos "Faça você mesma"

Atualizado: 1 de nov. de 2019

Vivian Berto de Castro


Os cosméticos Faça Você mesma, ou Do It Yourself, seguem como um foco importante para a indústria da beleza. Não se trata de uma tendência porque já configuram como produto consolidado – pôde ser visto em pesquisas, inclusive de institutos como a Euromonitor, pelo menos desde 2015. O que podemos pensar atualmente é como o setor de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos (HPPC) pode encontrar ainda mais oportunidades num comportamento do consumidor já consolidado e que tende a crescer ainda mais. Por fim, a pegada “natureba” é a que se destaca no DIY para a área de beleza.


Customização e personalização

A customização e personalização no HPPC pode ser pensada em diversas frentes. Já é explorada por empresas que atendem à necessidade do(a) consumidor(a) por se sentir único, algo facilmente atrelado a produtos como os de beleza e bem-estar. Por exemplo, linhas de perfumes que oferecem uma gama de fragrâncias para o cliente misturar (e muitas vezes embalagens personalizadas também), como da Guerlain ou a britânica Jo Malone, consolidadas no mercado com este formato. É quase como se continuassem ações de customização já arraigadas no mercado de luxo.


Essa flexibilidade e poder de escolha são valiosas para certos segmentos, mas sempre é preciso tomar cuidado com a customização excessiva que pode irritar alguns consumidores (como falamos neste post na semana passada). Além disso, outro perigo é o receio do cliente em errar no produto ou a falta de paciência com o processo de aprendizado que pode estar implícito – entender que determinadas fragrâncias ficam melhores juntas e outras nem tanto, por exemplo. Experiência de compra atenciosa, seja nas lojas físicas ou no online, é a melhor maneira de resolver o problema.


Existem ainda produtos que só podem ser utilizados se o consumidor criar suas próprias misturas. Um case de sucesso nos Estados Unidos e Canadá é a Farsali, uma marca de produtos “elixires”, com embalagem de conta-gotas. O branding define a marca como de “beleza híbrida”, que junta o hiato que existe entre maquiagem e cuidados com e pele. Na verdade, os produtos Farsali são feitos para serem misturados à base, pó, primer, batom etc., com o potencial de aumentar a hidratação do próprio produto de maquiagem.


A Sabão Glicerina é outro exemplo de “alquimia do consumidor”, agora no contexto brasileiro. O e-commerce oferece diversas marcas de produtos “crus” e naturais de beleza, como óleo de palma, sumo de aloe vera e manteiga de bacuri. O consumidor monta seu produto com os ingredientes e óleos perfumados, também naturais. Voilà! Fácil, online, rápido. Exige mais especialidade do consumidor do que a Farsali, embora a Sabão também venda kits combinados. Ainda assim, o desejo por produtos naturais “crus” está em evidência no DIY, a ponto de os consumidores quererem aprender em como fazer seus cosméticos naturais... em casa mesmo.



Do It Yourself com produtos em casa

O Do It Yourself é um comportamento de consumo que impacta setores diferentes da indústria. Na moda, o desejo por fazer as próprias roupas ou customizar roupas antigas se consolida entre as gerações Y e Z. No décor, há quem assista canais de vídeo para aprender a fazer seus próprios objetos, móveis ou até reformar a casa.


Nos cosméticos, a pegada natural (quase sempre vegana) propõe que as pessoas criem seus próprios produtos de beleza com itens que podem ser achados na feira ou supermercado. A ideia da maioria dos tutoriais é quase criar um ritual de beauté, sempre aliado à experiência do selfcare, do tempo para si em meio à loucura do dia a dia.


A ideia da maioria dos tutoriais de beleza "faça você mesma" é criar um ritual de beauté, sempre aliado à experiência do selfcare.

A influenciadora canadense de ascendência indiana Farah Dukhai, conhecida na web como “rainha do DIY”, propõe receitas diversas com vegetais como alho, cúrcuma e alecrim. Geralmente servem para cuidados com pele e cabelo, para uma geração que valoriza os cuidados pós-maquiagem tanto quanto a própria maquiagem. Vale dizer também que não é coincidência que foi Dukhai quem catapultou a Farsali, empresa citada acima, fundada por seu marido.


O uso de produtos vegetais não está relacionado somente com a acessibilidade do ingrediente de supermercado, mas também com o saber exatamente de onde vêm os ingredientes dos produtos HPPC que utilizamos. É a demanda, principalmente, pelo cruelty free, ou produtos que não são testados em animais – independentemente se esse consumidor consome carne e produtos derivados de animais na alimentação. A procura por produtos sem ingredientes nocivos como metais pesados também tem trazido muitas mudanças para a indústria de beleza.


O uso de produtos vegetais não está relacionado somente com a acessibilidade do ingrediente de supermercado, mas também com o saber exatamente de onde vêm os ingredientes dos produtos HPPC que utilizamos.

O consumo local também pode ser explorado: pense em ingredientes locais (muitas vezes, receitas de beleza da avó, por exemplo) sendo revisitados e reexplorados. Neste caso, o movimento identitário entra em questão, relacionando produto com as raízes do consumidor. De maneira geral, consumir produtos DIY faz parte de um leque de atitudes, desejos e necessidades do comportamento do consumidor que se referem a consumir conscientemente, ter interesse e preocupação com a procedência ambiental e socialmente correta dos produtos que entram no nosso cotidiano.


Este comportamento pode oferecer inúmeras oportunidades para empresas na área de HPPC que atuam com produtos naturais, veganos etc. Oferecer maneiras de Fazer Você Mesma (ou produtos que parecem feitos em casa) e alia-las à experiência de compra são maneiras de explorar oportunidades e dar uma mãozinha para sua(seu) cliente no Do It Her(Him)self.

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