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Essas duas fortes tendências de maquiagem e skincare devem dominar o mercado no futuro.

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Vivian Berto e

Patricia Sant'Anna


O universo da beleza, especialmente o da maquiagem e tratamento do rosto, tem sofrido mudanças interessantes nos últimos anos. Primeiro, a popularização do look “drag”, ou a maquiagem muito pesada, trabalhando a superfície da pele bastante artificial por meio dos famosos “contornos”. Depois, o apelo para a diversidade, encabeçado pela Fenty Beauty, a primeira grande marca a lançar 40 tons de base, a maioria com foco na pele negra (hoje a linha da Fenty tem 50 tons, tanto para base matte quanto cremosa). Na verdade, a mudança para a diversidade foi tão forte que nenhuma marca de beleza vai conseguir ignora-la.


Atualmente, vemos outras mudanças radicais, e quem é da área precisa ficar de olho.

E uma dessas mudanças é abandonar o efeito “boneca”, artificial (fullface), e partir para a pele natural. Tutoriais de skincare pipocam na internet, cada vez mais elaborados e complexos. Produtos naturais, DIY, misturados a outros altamente tecnológicos - como as esponjas de limpeza da empresa sueca Foreo – fazem parte de necessaire de jovens meninas. Isso porque ostentar uma pele natural “perfeita” (o que significa hidratada e com muito brilho) se torna essencial. Tanto que produtos líquidos e cremosos se sobressaem sobre os antigos mattes, secos e pesados.


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Imagem do Instagram do Refinery29 France.

A maquiagem também não existe mais para disfarçar, esconder imperfeições. Cada vez menos veremos os famosos fullface a la Kim Kardashian, e cada vez mais a superfície, os poros, a própria textura da pele e mostrada.


Inclusive, propostas mais radicais se rebelam completamente contra antigos padrões de beleza, como revelar manchas e espinhas. A campanha da marca de moda sustentável Chnge se tornou bastante viral, em que mostrava vários tipos pele que poderiam apresentar tabus. Dentre elas, uma jovem com espinhas, nas quais se sobrepõem em adesivos a frase que ela provavelmente escuta com frequência: “why dont you cover them?” (por que você não as cobre?). Na foto, a pose desafiadora da modelo evidencia que ela não esta interessada em disfarçar nada.


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Campanha viral da Chnge.

Outros tipos de tabus de pele também são bastante divulgados, como, por exemplo, modelos com vitiligo – a partir do espaço aberto pela modelo norte-americana Winnie Harlow - assim como pessoas albinas, principalmente se forem pessoas negras. Manchas de nascença, pintas, De qualquer maneira, a pele natural, autentica, ganha espaço. Isso fez com que ate alguns elementos artificiais fossem adicionados para criar o que antes eram consideradas imperfeições, como por exemplo criar sardinhas no nariz, bochecha, testa.


É claro que existe outra vertente muito divulgada pelos filtros de Stories do Instagram, de Snapchat e da nova mídia social TikTok. E a da pele perfeita e muito jovem, o que lembra os padrões de beleza das meninas coreanas. Neste caso, o padrão e estar com a aparência mais natural possível, o que de novo remete a pele com brilho. As duas formas coexistem: pele com imperfeições ou pele perfeita, desde que transpareça a aparência natural, casual.


Mas a tendência é que a pele muito perfeita, que também está associada a filtros dessas mídias sociais – como os efeitos de ciborgue ou de boneca, com cara de quem até se submeteu a cirurgias plásticas – fique menos em evidência.


E de propósito que estamos falando tanto de maquiagem e pele e pouco de outro elemento importante na beleza, que é o cabelo. Ele se torna o mais natural possível. Grandes intervenções são cada vez menos frequentes - como tingir, descolorir, alisar, cachear etc. - se destacando a textura natural dos fios. Ou, mesmo quando eles são tingidos, a textura própria ainda se mantém. Neste quesito, Zendaya é uma forte referência.


Maquiagem como expressão

E por falar em Zendaya, a serie da HBO Euphoria é uma forte referência. Nas cenas em que há maquiagem – o que não são todas –, as personagens as usam de maneira extremamente expressiva, principalmente nos olhos. Na verdade, a serie não inventou a maquiagem expressiva, mas sim trouxe a luz algo que ja estava sendo usado pelas meninas da geração Z.

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Maquiagem de Jules, personagem de Hunter Schafer na série Euphoria.

Formas criativas de se expressar, não necessariamente acompanhando o desenho do olho. Na internet, influenciadoras como a australiana Lourouse, podem ser consideradas: elas praticamente só maquia os olhos, com também ênfase para as sobrancelhas. Vale também destacar que a textura da pele super-hidratada, como afirmado anteriormente, se mantém.


Marcas cada vez mais investem em produtos como sombras neon, lápis coloridos, glitter e outros elementos para fazer essa pintura. Enquanto no mercado internacional a Huda Beauty e Kaleidoscope investem em expressão e criatividade, no Brasil o crescimento de marcas mais populares também se coloca, com o destaque para a Ruby Rose, marca libanesa (no mercado nacional há 13 anos, famosa por figurar entre as marcas do comércio da Rua 25 de Março em SP) que fez um rebranding no mercado brasileiro em 2019 - sempre apoiado na criatividade e autenticidade. A ideia é que a marca crie produtos para a cliente colecionar, afirmou a diretora de marketing da empresa, Cleide Sales, em entrevista ao Meio e Mensagem.


Maquiar-se se torna divertido, mais uma maneira de se expressar artisticamente, quase como fazer um desenho, criar uma escultura. O sucesso do jovem Harrison, que faz de tutoriais de elaboradas maquiagens literalmente brincadeira de criança, explica o fenômeno. Até mesmo a influenciadora Mari Maria as vezes de mostra maquiando com a irmã mais nova, em tom de divertimento. Muitas marcas ainda apelam para a coisa da brincadeira, para crianças ou para adultos, com produtos de embalagens lúdicas, divertidas, como a Jeffrey Star, ou as paletas da Hipdot do desenho animado Bob Esponja.



A pele natural e a expressão devem dominar o cenário da beleza nas próximas estações. Para as empresas, ficar atentas para essas mudanças é essencial para se manterem competitivas no mercado de beleza.


Série de posts para entender os Zs


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Foto do escritorEquipe Tendere

Qual é o alcance do streetwear entre a geração Z? E até que ponto esse mercado influencia o consumo?

Foto por Force Majeure no Unsplash

Patricia Sant’Anna


Entender a geração Z (nascidos entre 1996 e 2010) e entender também o consumo no momento em que vivemos. Isso porque a ultima geração de adultos constrói o mundo ao seu redor, e acaba influenciando as outras gerações. O mundo de hoje é feito por e para a sensibilização da geração Z.

É muito característica dessa geração a moda com pegada streetwear. Normalmente, quando falamos desse segmento, falamos de marcas antigas que foram reinventadas recentemente, e que, para a nova geração, tiveram uma recolocação no mercado. All Star se despe um pouco do espírito “rebelde” para falar mais de autenticidade; Adidas, Nike e Vans investem na diversidade e num conjunto de valores, tudo para conquistar os Zs


A reboque, vêm também outras marcas tradicionais, que, ao contrário das citadas acima, que se mantinham perenes perpassando várias gerações, haviam caído no ostracismo. Como a Champions, criada no começo do século XX, que teve notoriedade nos anos 1990 e agora volta repaginada, retomando o estilo daquela época. Especialmente marcas de street no início dos anos 1980, como a Stüssy, e meados dos anos 1990, como Supreme e a japonesa A Bathing Ape – suas épocas em que o streetwear ganhou grande força na moda. Todas surgiram a partir de culturas consideradas “underground” relacionadas a esportes e grupos de jovens. Enquanto a Stüssy foi criada por um adolescente no círculo dos surfistas de Long Beach (na Califórnia), a Supreme nasceu do contexto bastante urbano de skatistas de Nova York.


Hoje, reposicionadas, essas marcas abraçam o streetwear de modo geral – sem especificidades de cada esporte. Aliás, tem muito a ver com a geração Z não se separar mais em grupos específicos, ao contrário da X e parte da Y: eles abraçam o diferente com muita facilidade.


No entanto, essas marcas de streetwear trazem de sempre: moletom, T-shirt, calca jeans five pockets, agasalhos, jaquetas puffers, tênis, acessórios… inclusive, inventam outros ícones de acessórios, das famigeradas pochetes às munhequeiras. Não se trata de uma roupa ostensiva, não é rebuscada. É fácil de usar, trata-se de uma ostentação muito casual e fácil de usar.

A disseminação do streetwear tem muito a ver com um grupo específico de consumidores, como veremos a seguir.


Um grupo específico, impulsionado pela mídia

O streetwear dessas marcas tem se tornado tão relevante e influente que outras marcas abraçam a estética. É só ver a última coleção-cápsula masculina da Valentino, em colaboração com os artistas Sam Wiehl e Forest Swords, formada basicamente por camisetas, moletons e puffers, algo que não veríamos tradicionalmente na grife. A Prada também lançou uma coleção bastante esportiva recentemente, com Willow Smith como uma das garotas propaganda. A linguagem do streetwear é tão forte que chega ate neste nível.



Ao mesmo tempo, o fast fashion investe na mesma linguagem, criando produtos muito parecidos com os das marcas de streetwear em versão muito mais acessível. Como sempre, a moda rápida democratiza e dissemina em profusão (“viraliza”?) estilos de moda. É curioso ver o quanto existem inúmeros influenciadores nas mídias sociais, principalmente no Instagram, que fazem o “tutorial” de como se vestir, e não é exagero dizer que praticamente todos usam malha, tênis etc., muito casual e simples – o que na verdade nem precisaria de um “tutorial”, para começar.


Porém, mesmo democratizado, um dos pilares do streetwear é a ostentação – de peças caras, raras, mas ainda muito simples, sempre aliada a um logo ou outro elemento de identidade visual de uma marca muito reconhecível. Seja uma marca tradicional que entrou no segmento – como a Valentino – sejam as marcas que já nasceram streetwear – como a Supreme – elas têm os altos preços sempre associados. Mas são preços que correspondem apenas ao valor simbólico (marca) e não a qualquer característica do produto – uma T-shirt branca é uma T-shirt branca!


Os preços exorbitantes do streetwear chamaram a atenção no ano passado, quando a série de vídeos Quanto Custa o Outfit? viralizou. A série foi produzida pelo Hype Content Br , canal do YouTube criado por dois jovens fãs do streetwear, interessados em documentar a “cena” (aliás, segundo seus fundadores, o vídeo foi bastante descontextualizado). Quanto Custa o Outfit? circulou entre pessoas que concordavam (e desejavam) com esse lifestyle e muitas outras que passaram a debochar de um investimento tão grande em peças de roupa. E, mais do que isso, debochar do que significa ostentar o quanto custou a peça. Outra característica que chamou a atenção foram os jovens que não conheciam marcas muito tradicionais e estabelecidas antes de elas investirem em streetwear, e por isso mal sabiam pronunciar seus nomes (Gucci virava “gussi”, por exemplo).



Mas é importante ressaltar que o potencial de viralização dessas marcas e produtos na internet não significa que muitos consumidores tenham acesso a elas. Elas apenas são pertinentes para pensar locais que têm ainda possibilidade de crescimento grande (especialmente nos grandes centros), e consumidores que são filhos de uma classe média alta que ainda se mantém. Ou seja, esse grupo de consumidores é pequeno. Mas ele influencia consumo, uma vez que aparece com tanta forca na mídia. Isso chega à maioria da classe média por meio do fast fashion, como dito anteriormente, e não pelas marcas de streetwear propriamente. Até que ponto algo que tem alarme na mídia é efetivamente um mercado? É algo para se pensar se falamos de streetwear.


O preço alto desses produtos também chamou a atenção e foi o principal mote para a valorização deles. Que moda não se trata de preço de produto mas sim de valor simbólico, já está bem estabelecido. Mas, no caso dessas marcas, por que o valor simbólico tão alto? Por um produto tão simples?


Os preços chamam tanto a atenção que se tornaram também objeto de ironia e apropriação, algo bem relacionado também ao comportamento da geração Z. Quando, por exemplo, uma marca menor ou mesmo uma de fast fashion troca os logos originais com humor ácido, embora nada agressivo (veja o painel abaixo). É certo que muitos dos logos de streetwear partem do universo das artes visuais (como a própria Supreme, inspirada nas obras de Barbara Kruger), ou seja, já é uma apropriação, mas é muito interessante reparar em como as apropriações vão se sobrepondo.


Ironia e apropriação da Supreme em várias marcas de fast fashion.

Contraponto com o consumo consciente

A geração Z, embora seja bastante influenciada pelas marcas de streetwear (e pela estética que deriva delas), possui um contraponto que torna complexo compreender o consumo desses jovens. Se, por um lado, existem os que são consumistas e podem investir tanto em marcas de street quanto em fast fashion, há os que se desligam disso e são consumidores conscientes, interessados em marcas sustentáveis e que diminuem consideravelmente o consumo.


A Tendere apontou essa cisão no 13o Seminário de Tendências – primavera-verão 2020, em junho de 2018, no painel “O Futuro do Consumo”. Recentemente, em outubro, o site norte-americano Refinery29 lançou uma matéria debatendo exatamente o mesmo tema, intitulada “Generation Z & the Fast Fashion Paradox”.


Material apresentado pela Tendere em junho de 2018, para primavera-verão 2020: muito pertinente para entendermos a cisão atual da geração Z.

É preciso ter em mente essa divisão para entender a geração Z mais a fundo. Por um lado, com o advento das mídias sociais, plataformas online de fast fashion como a Fashion Nova e influenciadores ostentando o consumo intensivo. O streetwear reforça este panorama, seja por meio das marcas – consumo muito caro e muito rápido – seja pelas apropriações e reformulações no fast fashion. Por outro lado, estamos falando de pessoas ligadas a sustentabilidade, preocupadas com os valores (e a transparência) que as empresas pregam, que consomem menos e com mais qualidade. Essa cisão continua relevante para pensar o consumo desses jovens adultos.

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Foto do escritorEquipe Tendere

Existe uma relação direta entre dinheiro e realização pessoal?

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Foto por Clay Banks no Unsplash

Victor Barboza


Se você ganhasse muito dinheiro na loteria, como você usaria o prêmio? A primeira coisa que vem na cabeça da maioria das pessoas é relacionada a gastos envolvendo lazer e status, como compra de carros, imóveis e viagens. Porém, várias pessoas que ganharam o prêmio, mesmo com todos estes itens, continuam frustradas. Será que há uma relação direta entre dinheiro e bem-estar?


Antes de mais nada, sabemos que todos os seres humanos possuem necessidades. Quando perguntado, cada indivíduo acaba tendo uma visão diferente das suas necessidades, e atribui as diferentes pesos para cada uma delas, muito em função do contexto e da realidade em que está inserido.


A hierarquia das necessidades

Para entender melhor esta questão das necessidades, o psicólogo norte-americano Abraham H. Maslow, na década de 50, criou a hierarquia das necessidades, mais conhecida como Pirâmide de Maslow. O grande objetivo de Maslow foi de determinar o conjunto de condições necessárias para que um indivíduo alcance a satisfação. E a perspectiva desta satisfação, para Maslow, é justamente o que motiva cada pessoa.


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Pirâmide de Maslow (https://www.coachilla.co/blog/the-new-hierarchy-of-needs)

A figura acima representa a Pirâmide de Maslow. Nela, cada nível da pirâmide representa uma hierarquia, sendo as mais básicas na base, avançando até as mais elaboradas, no topo. As necessidades base são aquelas consideradas necessárias para a sobrevivência, enquanto as mais complexas são as necessárias para alcançar os máximos níveis de satisfação, tanto pessoal quanto profissional.


Assim, temos os seguintes níveis da pirâmide, listados de baixo para cima:


  • Fisiológicas: são as necessidades mais básicas, necessárias para garantir a sobrevivência e manter o corpo saudável. São exemplos destas necessidades: alimentos, água, ar, sono.

  • Segurança: envolve as sensações necessárias de proteção. São exemplos de necessidade: abrigo e estabilidade.

  • Amor e Relacionamentos: são as necessidades relacionadas com o senso de pertencimento e intimidade. São exemplos: amizade, família, relacionamentos.

  • Estima: é a necessidade de sentir-se estimado e reconhecido. São exemplos: autoestima, confiança e respeito.

  • Realização Pessoal: são as necessidades mais complexas do ser-humano. São necessárias para que o indivíduo alcance a verdadeira realização pessoal e profissional. São exemplos: moralidade, valores, independência, criatividade, autoconhecimento..


Ou seja, subir cada uma das hierarquias da pirâmide gera, cada vez mais, uma sensação de bem-estar para o indivíduo, porém, muitas vezes, o combustível para subir determinado degrau pode envolver dinheiro:


Necessidades Fisiológicas: não é necessário pagar pelo que se respira, porém, a maioria das pessoas precisa pagar pela água que bebe, pela comida que come e pelo espaço para dormir.


Segurança: do ponto de vista de espaço físico, buscar maior segurança exige, em boa parte dos lugares, maiores gastos. Casas e apartamentos dentro de condomínios, alarmes, cerca elétrica são alguns destes gastos. Do ponto de vista de estabilidade, não precisa-se gastar mais, mas sim, trabalhar para formar reservas de emergência.


Nos demais degraus, o dinheiro não impacta diretamente o alcance das necessidades, mas ele pode impacta-los indiretamente. E, sem ter os dois primeiros degraus bem estruturados, é muito improvável que o indivíduo consiga chegar no topo da pirâmide.


Além das necessidades listadas na pirâmide, Maslow também identificou algumas necessidades complementares: aprendizado, satisfação estética e transcendência. Algumas delas, para serem alcançadas, também exigem dinheiro.


Isto nos mostra como o dinheiro acaba tendo uma relação com o bem-estar do indivíduo. É a partir daí que surge o conceito de bem-estar financeiro.


Mas afinal, maior renda = maior bem-estar financeiro?

O conceito de bem-estar financeiro foi estudado a partir de 2015, pelo Órgão de Proteção ao consumidor financeiro dos Estados Unidos, o CFPB. Antes de qualquer definição, em primeiro lugar é importante afirmar que não há uma relação direta entre bem-estar financeiro e renda. Muita gente afirma que se ganhasse mais estaria mais feliz. Porém, vemos muita gente que ganha muito dinheiro, como jogadores de futebol, cantores e artistas, que podem não ser tão “felizes”, ou ter algum nível de depressão ou ansiedade, dentre outras questões psicológicas.

Assim podemos dizer que aumento da renda pode sim ajudar no aumento do bem-estar financeiro, mas somente se outras condições forem atendidas.


E como fazer para ter (ou não ter) bem-estar financeiro?

A frase acima pode ser uma indagação de muita gente. Porém, o bem-estar financeiro não é algo que um indivíduo tem ou não tem, mas sim um estado que transita numa escala de estresse financeiro absoluto até bem-estar financeiro total.


Seria algo similar à felicidade. Uma pessoa não é feliz o tempo todo, mas sim, a cada momento caminha numa escala. O desafio é tentar manter-se na maior parte do tempo nos níveis mais altos, e, quando estiver nos níveis mais baixos, conseguir superá-lo no menor tempo possível.


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O que define o bem-estar financeiro?

No estudo do CFPB, o que define o bem-estar financeiro é o estado no qual o indivíduo:

  1. Tem controle sobre suas finanças

  2. Tem capacidade de absorver choques financeiros

  3. Tem ações para atingir seus objetivos financeiros

  4. Tem liberdade financeira para fazer escolhas que lhe permita aproveitar a vida

Desta forma, para atingir o bem-estar financeiro, cada um destes pontos deve ser bem desenvolvido. Isto forma quatro grandes pilares:

  • Controle Financeiro: a boa educação financeira é de extrema importância para que o indivíduo consiga ter controle sobre o seu dinheiro, e não “ser controlado” por ele. Este controle é fundamental para que, em primeiro lugar, a pessoa consiga gastar menos do que recebe, evitando dívidas.

  • Tranquilidade Financeira: mais do que conseguir pagar as contas do mês, é importante que o indivíduo também consiga poupar e formar reservas. Imprevistos acontecem na vida de qualquer um, e, podem exigir gastos que estavam fora do planejamento. Para isso, as reservas acabam gerando a sensação de maior tranquilidade

  • Objetivos: todo mundo tem objetivos, mas muita gente não consegue realizá-los, justamente pela falta de dinheiro. Para consolidar estes objetivos, é importante criar um hábito poupar. Mais do que guardar, investir pode fazer o dinheiro trabalhar para você. Mas para isso, é importante que os dois pontos anteriores estejam bem lapidados.

  • Liberdade Financeira: é vista como a fase em que o indivíduo tem a possibilidade de parar de trabalhar por ter recursos que o sustente para o resto da vida. Nesta fase, mesmo continuando a trabalhar, o indivíduo pode extrapolar de vez em quando que suas finanças continuarão estáveis


Para tentar mensurar o nível de bem-estar financeiro, o CFPB criou uma escala que passou a ser usada mundialmente. São feitas dez perguntas que geram respostas que são convertidas em uma pontuação, de 0 a 100, para chegar num índice de bem-estar financeiro. Aqui no Brasil, quem ficou responsável pela mensuração foram a Confederação Nacional de Dirigentes e Lojistas (CNDL) e o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), com apoio da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

O gráfico acima mostra como está o bem-estar financeiro do brasileiro. Como a escala vai de 0 a 100, repare que a situação não é das mais favoráveis.


Como melhorar o bem-estar financeiro?


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Fonte: SPC Brasil

O gráfico mostra bem a realidade de grande parte das pessoas. Muita gente endividada, pouca gente conseguindo investir bem. Não existe um passe de mágica ou uma fórmula pronta que aumente o bem-estar financeiro da noite para o dia, mas sim, algumas dicas que podem te ajudar.

A primeira dica é o comportamento financeiro. Na teoria a coisa parece muito simples, pois basta gastar menos do que recebe para chegar numa folga financeira. Porém, a prática é muito mais complexa, pois muito além dos conceitos, está o comportamento. E comportamentos financeiros estão relacionados aos hábitos. O que precisa ser feito é consolidar os hábitos de planejar, controlar, poupar e investir, por exemplo.


A segunda dica envolve a busca pela boa educação financeira. Esta base está relacionada ao conjunto de habilidades que a pessoa tem para lidar com o dinheiro. Conceitos e práticas permitirão que o indivíduo saiba tomar as melhores decisões envolvendo o seu dinheiro.


E a terceira dica consiste no autoconhecimento. As pessoas funcionam de formas diferentes e possuem objetivos distintos. Para conquistar altos índices de bem-estar financeiro, é importante que você não se compare aos outros, mas tenha seus próprios padrões. Ajuda também caso você seja persistente, olhe sempre para o futuro e acredite!

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