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Pragmáticos, dialógicos, não-definidos: como entender a geração Z

Patricia Sant'Anna



A geração Z é a primeira geração de efetivamente de “nativos digitais” – o que significa que não conhecem o mundo sem internet. Por esta característica, são hipercognitivos, isto é, possuem uma habilidade mental de percepção e raciocínio maior que as outras gerações, incluindo os tão afamados Y ou Millenials (estes, embora tenham se adaptado ao digital desde cedo, não nasceram com este ambiente já formado e tiveram que aprender e se adaptar). As pessoas da geração Z, no entanto, possuem sérios problemas com formação de memória. Tudo pode ser verificado, pesquisado a qualquer instante - para que, então, memorizar?


São capazes de viver múltiplas realidades (on e offline) ao mesmo tempo e de maneira não descontínua. São simultâneos, ao contrário das gerações anteriores. A tecnologia propicia que esses jovens vivam diferentes realidades e absorvam grande complexidade de conexões, com muita informação visual e muitos recursos para controlar cada passo da vida.


A tecnologia propicia que esses jovens vivam diferentes realidades e absorvam grande complexidade de conexões, com muita informação visual e muitos recursos para controlar cada passo da vida.

Os membros da geração Z poderão ter muito mais capacidade de eliminar variadas formas de imprevistos. A partir da tecnologia e do uso intensivo de aplicativos, eles tendem a contornar problemas cotidianos. Essa geração habilita-se a eliminar muitos eventos imprevisíveis. Eles tentam a todo momento prever, antecipar e simplificar. O fato de viverem completamente imersos em tecnologias e redes dá a estes jovens muita margem de manobra, mobilizando comunicação e ações corretivas em um nível ainda não praticado ou experimentado por gerações anteriores. Por outro lado, lidar com o imponderável pode ser um grande problema, pois tendem a achar que tudo é passível de ser previsto e antecipado.


Existem algumas características importantes da geração Z que devemos levar em consideração para entende-los. Estas são:




Os Zs também tende a ser realista ao extremo, práticos e em busca de satisfazer sua necessidade financeira e enriquecimento pessoal (no campo emocional e sensorial). São adeptos do pensamento lógico, autodidatas e responsáveis. Em resumo: vivem de forma pragmática. Essa característica é mais evidente ainda no Brasil pós-crise.




O importante é não se definir. Quebram e contestam vigorosamente todos os estereótipos e não ligam para definições de gênero, idade ou classe. É uma outra forma de supervalorizar o “eu”, que é bem diferente da geração Y, que precisava ser aceita socialmente de maneira um tanto desesperada. Valorizam uma identidade fluida. Exaltam a individualidade, entendem a diferença. É a geração dos “amigues”.




Uma geração que gosta de dialogar, entender e agregar. São avessos à polarização, compreendem a diferença e convivem bem com ela. São ativistas, mas são ponderados. Conversadores, acima de tudo! No Brasil, tendem a ser um pouco mais atuantes e agressivos do que na Austrália ou Alemanha, por exemplo.




Sua imagem é de que ele é fluido sim; indefinido, pode ser; mas não é falso. Trata-se da primeira geração que vive a ressaca da superexposição vivenciada pela internet. São espontâneos e reinventam a privacidade (que está na nuvem, é verdade, mas não para todos verem). São autênticos e espontâneos, expõem suas fragilidades e valorizam a transparência.




Os Zs transitam por múltiplas comunidades e gostam de fazer parte de diversos grupos. Não importa a ideologia ou a corrente de pensamento. Sempre há um ponto de conexão entre as pessoas. Por isso, são radicalmente inclusivos, têm grande poder de mobilização e seu interesse se conecta amplamente com a diversidade.




Claro, é uma geração que adotou um novo código universal, baseado em memes e emojis. Usam a linguagem por códigos para exercitar sua capacidade crítica com leveza e humor. Uma linguagem conectada com o agora e suas múltiplas referências, além de possuir gigantesco poder viral.



O resumo da ópera

Sabe os papeis típicos que damos aos jovens? Pode esquecer, porque com eles nada disso funciona. Marketing para a geração Z é guardião dos valores e da ética, é espaço de diálogo com as empresas e marcas. Não é uma máquina de fazer promessas vãs. Como a geração Z não suporta nada que seja falso, o marketing não deve ser de maneira nenhuma.


Geração Z: consequências

Em 2020, os jovens da geração Z estarão muito ativos no mercado (25 anos em média), portanto, vamos pensar em algumas consequências e como nos preparar para atendê-los:


- Produtos: “quero informação” e “quero rastrear” são pensamentos constantes.


- Produção: onde e por quem é feito? Comprar produtos que não exploram o meio ambiente e/ou as pessoas envolvidas diretamente no processo de produção.


- Não ligo para ser dono, prefiro ser membro, associado, coparticipante, co-usuário etc. Cultura do compartilhamento.


- Tudo é pensado e feito em nível individual, quanto mais adequado a minha realidade, melhor. Consumo consciente, só compro o que preciso e o que é adequado a mim.


- Todos somos agentes do mundo, por isso, sempre posicionar-se, debater e estar aberto ao diálogo. Não existe empresa neutra.


Como aconteceu anteriormente com outras gerações, os Zs redefinem o mundo o criam para si; o que temos hoje é criado por e para esses jovens. Por isso, as outras gerações tendem a seguir alguns de seus comportamentos e maneira de ver. Entender a fundo a geração Z também é entender o mundo contemporâneo.

Este conteúdo foi explorado no 14o Seminário de Tendências - outono-inverno 2020, realizado em outubro de 2018.


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